Suportes e resistências são dois conceitos básicos da análise técnica. Conhecê-los e saber identificá-los é de suma importância para quem pretende operar no mercado de ações através dos gráficos.
Como já vimos em outros artigos, o mercado é feito de compradores e vendedores. Algumas vezes os compradores ganham a batalha, fazendo com que o mercado inicie uma tendência de alta. Outras vezes os vendedores saem vitoriosos e fazem com que o mercado inicie uma tendência de baixa.
Os pontos onde essas “batalhas” acontecem são muito importantes, pois definem a pausa ou a reversão da tendência anterior, seja ela de alta, baixa ou até mesmo de mercado lateral. É nesses pontos que podemos identificar os suportes e resistências.
A correta identificação desses pontos é que gera tanto entradas quanto saídas de operações. Obviamente, os setups gráficos de entrada ou de saída (estratégias operacionais) não dependem apenas de suportes e resistências, mas esses conceitos fazem parte da formação básica de qualquer analista gráfico.
Afinal, o que é um suporte?
Suporte é um nível, ou região, de preços onde a força dos compradores supera a força dos vendedores. Na prática, é quando os preços dos ativos vêm apresentando cotações cada vez mais baixas (tendência de baixa) até atingirem um nível onde os compradores entram no mercado comprando esses mesmos ativos. Isso faz com que a tendência anterior, que era de queda, seja pausada, ou, até mesmo, revertida em uma nova tendência, dessa vez de alta.
Acompanhe o exemplo a seguir:
Repare como as setas vermelhas indicam que os preços estavam apresentando cotações cada vez menores, formando uma clara tendência de baixa. No momento em que os compradores ganham força, a tendência anterior de baixa é pausada num primeiro momento e, logo em seguida, é revertida. Os preços voltam a cair, mas note como as setas azuis indicam um claro ponto de suporte no gráfico. Isso é o que chamamos de reta de suporte.
E resistência?
Ora, resistência é o inverso do suporte. Quando as cotações vêm apresentando preços cada vez mais elevados em uma tendência de alta, mas chega o momento em que os vendedores ganham força perante os compradores, então, esse movimento de alta é pausado, e pode se transformar numa reversão para uma nova tendência de baixa, ou simplesmente fazer com que os preços não continuem subindo, ou seja, que fiquem “lateralizados” por determinado período.
É importante ressaltar que um ponto de suporte ou de resistência não necessariamente significa que as cotações, a partir daquele momento, irão reverter a tendência atual em uma nova tendência na direção contrária. Um suporte ou resistência indica, primeiramente, uma pausa, que poderá, ou não, se tornar uma nova tendência a seguir.
Veja o exemplo:
O raciocínio inverso vale para a reta de resistência. As cotações do ativo vinham apresentando preços cada vez maiores, numa clara tendência de alta, representada pelas setas verdes. No momento em que os vendedores ganharam força em relação aos compradores (setas azuis), a tendência foi interrompida e o ativo começou a “andar de lado”, e toda vez que chegava próximo à região de resistência, voltava a cair.
Uma resistência vencida vira um novo suporte, e vice-versa
Como você já notou, a resistência é o inverso do conceito de suporte. Por isso, quando uma resistência é rompida, vira um novo suporte e quando um suporte é rompido vira uma nova resistência.
Veja um exemplo:
O que antes era uma reta de resistência (setas vermelhas), depois de rompida passou a ser uma reta de suporte (seta verde).
Outros conceitos importantes
Quanto mais toques na suposta reta de resistência ou suporte um ativo fizer, e quanto mais tempo essa barreira durar, mais relevante será o suporte ou a resistência.
Quanto mais relevante for um suporte ou uma resistência, maior a probabilidade dele (ou dela) ser respeitado no futuro.
É importante saber traçar as retas de suportes e resistências, pois seus respectivos rompimentos podem indicar uma nova tendência. Mas esses níveis nem sempre possuem exatidão milimétrica. Muitas vezes existem zonas de resistências e zonas de suporte, que acontecem quando existem pequenos rompimentos dessas retas imaginárias, mas logo os preços voltam a se acomodar novamente dentro das zonas anteriores. É importante ter bom senso ao traçar essas regiões. Não se prenda a níveis milimétricos.
E por que eles funcionam?
Essa é a pergunta que vale um milhão e que ninguém sabe responder com exatidão. Algumas possibilidades plausíveis são:
Os investidores possuem memória
Quando investidores percebem que determinado ativo está numa cotação muito baixa em relação a seu comportamento histórico, a ganância fala mais alto e muitos entram comprando esse ativo.
O mesmo vale quando o ativo atinge níveis muito altos e os investidores começam a se desfazer de suas posições vendendo tais ativos, julgando que os preços já subiram demais.
Todos os participantes do mercado conhecem esses pontos
A explicação de que os investidores possuem memória é bastante romântica, mas, infelizmente, hoje em dia, cada vez mais, o mercado é feito de sistemas computadorizados.
Esses sistemas precisam de regras para funcionar. Dentre a enorme diversidade de regras possíveis, algumas delas passam pelos suportes e resistências. Assim, quando um ativo atinge um nível de resistência, com baixo volume por exemplo, o sistema é acionado para começar a vender.
Da mesma forma, quando um ativo rompe uma resistência com bom volume, o sistema é acionado para comprar.
O investidor comum também é capaz de se beneficiar desses pontos gráficos, basta conhecê-los e saber analisá-los.
Resumindo, suportes e resistências, assim como todos os elementos da análise gráfica, funcionam porque todos os participantes do mercado conhecem tais pontos. Por conhecer tais pontos, muitas vezes a ganância ou o pânico falam mais alto e geram reversões, pausas ou continuidade de tendências, justamente nesses pontos.
Se todos parassem de utilizar tais pontos gráficos, provavelmente sua eficácia seria bem menor, mas talvez isso nunca aconteça, pois, como já vimos, investidores são movidos por um misto de ganância e pânico.
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